sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Layout do bestiário...

Estou mexendo no lay out do bestiário, espero que gostem.

Estou me contendo e pensando nos meus frequentadores de banda lenta, quase coloquei um toca fitas tocando a trilha do seriado aqui no blog... se acharem que não vai ficar pesado demais, avisem. Afinal, somos um blog de texto, as postagens, mesmo com imagens são leves...


Mas a principal notícia dessas mexidas no visual é que nós temos ali um link de aliado: o Supernatural House (se entrarem no fórum deles vão me encontrar lá), página ótima e feita por pessoas muito bacanas.

Adcionei uma CBox, para comentários gerais sobre o blog e não específicos dos textos. dúvidas sobre algo do seriado? Postem na CBox que eu respondo.

Ainda hoje... o próximo artigo, sobre A Very Supernatural Christmas

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Episódio 3.07 - Fresh Blood


Os episódios do 3º ano de Supernatural trazem alguns problemas para a proposta original do blog, porque lidam com um viés diferente dos anos anteriores. Como o Sam disse no episódio 3.09, não é mais uma caçada, é uma guerra. Com isso, certos assuntos são aprofundados, enquanto outros passam a ser trabalhados de um novo ponto de vista. Existe mais especulação filosófica e algumas questões inerentes a jornada do herói ficam mais claras.

Como faz parte do objetivo do blog escrever sobre todos os episódios de todas as temporadas, não faria sentido eu falar agora sobre os vampiros. Afinal, o assunto já foi trabalhado e retrabalhado em episódios anteriores ( 1.20 e 2.03). Na minha visão, o ponto focal do episódio não são os vampiros, mas algo mais sutil.

Existe uma frase de Nietzsche, em Além do Bem e do Mal, que diz o seguinte:

"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se;
para não tornar-se também um monstro.
Quando se olha muito tempo para um abismo,
o abismo olha para você."

Alguma semelhança com Gordon Walker não será mera coincidência...

Gordon é aquele que cruzou a tênue linha que separa os justos dos injustos. Podemos comparar sua atitude com as atitudes de Sue-Ann, a mulher do pastor Roy Le Grange (1.12). Não existe aqui uma monstruosidade consciente: quem se corrompeu acredita piamente que está fazendo o serviço sujo para o o lado do bem.

Dentro do caminho que todo herói traça (e cedo ou tarde nosso Sam também vai passar por isso, assim como Dean está passando), existe um momento em que ele passa pela "tentação". É a tentação do Orgulho, em grego, Hybris. O orgulho é o pecado que leva a todos os outros: a Hybris é a ofensa máxima contra os Deuses. O herói se defronta com essa situação quando sua caminhada chegou ao auge. Ele é positivamente um herói. É poderoso e respeitado. E isso cresce dentro dele, que se sente superior aos outros, capaz de julgar os outros, capaz de ser superior aos Deuses. Então, existem dois caminhos: o herói percebe que não é bem assim, que ele precisa de humildade. Ele ganha em sabedoria, se torna conhecedor de si mesmo, e segue seu caminho na direção de se tornar um sábio. Ou ele cai pela hybris, se torna orgulhoso, e assim como Lúcifer, se corrompe. Sua queda nesse momento é certa: cedo ou tarde, os Deuses vão lançar sua punição. E ela virá pelas mãos de outro herói, no caso de Gordon, ou de Sue-Ann. Em muitos mitos, virá pela mão dos Deuses diretamente, ou pelo destino.

Gordon foi nossa chance de ver essa lenta queda em direção ao mal, uma maneira do assunto vir a tona e deixar nossos heróis alertas, sem envolve-los diretamente.
Assim, Gordon aparece como um caçador zeloso demais, incapaz de ver em tons de cinza, que se torna cada vez mais desumano, ao ponto de se tornar, ele mesmo, o monstro que caçava. E mesmo tendo passado por tudo isso, ele não aceita encarar seus erros.

Ao mesmo tempo, Sam se encontra em um momento perigoso da sua jornada: ao matar Gordon, ele mesmo dá um passo a mais para longe da sua bondade natural, que é uma de suas qualidades mais heróicas. Ao contrário do vampiro, no entanto, ele enxerga isso, o que é uma chance a mais para sua salvação.

É bom lembrar também que o vampiro é uma metáfora para o lado sombrio da condição humana: o vampiro é aquilo que já foi humano, e agora, se alimenta da morte daquilo que ele foi. É nosso lado sombrio, aquilo que existe em nós e que não desejamos encarar. O vampirismo é o preço, alto demais, para um desejo que em si é prova do Orgulho: a imortalidade. Nenhum monstro representaria melhor a corrupção de alguém, do que os parentes do velho Nosferatu. Quando falamos do vampiro, falamos da nossa hybris, e de como ela ao mesmo tempo nos fascina e apavora.

O herói está sob o fio da espada: por um lado, o risco de ser morto ou se ferir na ânsia de fazer o bem. Por outro, a corrupção enganadora que o torna seu próprio inimigo.




imagem retirada da galeria do supernatural.tv o melhor lugar para pegar screencaps...