segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Episódio 3.01 – The magnificent seven

Os sete pecados capitais ou mortais são aqueles que dão origem a todos os outros, sendo portanto a raiz de toda corrupção. Eles são a oposição das sete virtudes, que são a origem de toda santidade. Existem as sete virtudes opostas, que são a proteção e a cura dos sete pecados, e as Sete Virtudes Cardeais, que são aquelas que todos devem buscar na vida, sendo estas um reaproveitamento do conceito grego.

Teologicamente, o pecado é a culpa perante Deus. São Tomás de Aquino será um entre vários teóricos cristãos que vai se dedicar a falar sobre o tema, que será abordado muitas vezes na história do cristianismo.

A primeira coisa a se pensar sobre os pecados capitais é que eles não são o tipo de peque se comete e se arrepende muitas vezes, como atos isolados, mas são uma atitude estável, que se prolonga ao longo da vida, e são difíceis de se redimir porque para isso é necessário uma mudança na própria raiz da personalidade da pessoa. Assim, é fácil perceber que um determinado pecado vai ser recorrente na vida da pessoa, e visto por ela como um traço natural seu. O pecado vai além da transgressão moral: ele é o rompimento do plano divino, é a arma que os homens dão ao Inferno contra Deus.

O pecado que dá origem aos outros, para Tomás de Aquino, é a Soberba, ou Orgulho. Justamente por esse ser considerado um supra-pecado, acima dos outros, os teólogos, seguindo o proposto por Tomás, preferem colocar na lista dos sete a Vaidade, ou Vanglória, que é o desejo de ser superior, e essa diferença de nomenclatura fica mais clara nas línguas latinas (todo o material original de referência aos sete pecados foi escrito em latim) e um pouco mais vaga no inglês (especialmente para mim, que tenho um inglês funcional mas sem minúcias). A Vaidade leva a obsessão por estar sempre certo, e procurar reconhecimento e elogio de modo doentio. É o pecado que, junto com a Inveja, causa a queda de Lúcifer: ele considera que é mais que o homem, e decide se equiparar a Deus, ou sobrepujá-lo. O vaidoso deseja ser superior sempre, e não mede conseqüências para conseguir isso ou a ilusão da superioridade. A virtude oposta é a da Humildade.

O seguinte na lista é a Inveja. A inveja é a tristeza diante daquilo que o outro possui, e o desejo de destruir o outro e seus bens se não puder tê-los. Quem é tomado por ela nunca valoriza o que tem, e sempre julga que os outros têm coisas que não merecem. A Inveja é o pecado de Caim, e o leva a ser tomado pela Ira, como com freqüência acontece. Sua virtude oposta é a Caridade.

Ao falar da Preguiça, São Tomás usa o termo “acídia”, que tem um sentido mais amplo do que aquele em que usamos Preguiça. É a negação do esforço, o torpor, a inatividade. Está ligada à negligência e a falta de vontade. É um pecado que leva a outro bastante grave, a omissão. A virtude que se opõe a Preguiça é a Diligência.

O próximo (e meu favorito) é a Ira. É a perda do auto domínio levando à violência, é a raiva excessiva e mal direcionada. A Ira é um pecado complicado por sua ambivalência: a ira justa é a força com a qual se combate o mal, um dom divino, e permite atingir bens espirituais difíceis através da força de vontade. Mas o descontrole, o usar a ira contra tudo e qualquer coisa, é um pecado. A Ira é o pecado que leva mais facilmente a destruição física, e está ligado ao lado mais animal do ser humano. Sua virtude opositora é a Paciência.

A Avareza é a falha moral irmã da traição, como no caso de Judas. É a obsessão por juntar bens materiais, o culto ao dinheiro, a ganância. O avarento é egoísta, explorador e desonesto, e vive em função do lucro. Não sente prazer em nada, nem busca evoluir espiritualmente: só o juntar, ter, acumular, sempre mais e mais, satisfazem quem tem o pecado da Avareza. Sua virtude de oposição é a Generosidade.

A Gula, o sexto da lista, é uma deturpação de algo natural, o desejo de comer e beber. Mas o glutão não busca a saciedade, só o prazer de manter a boca cheia e o estômago trabalhando. É uma busca desordenada de prazer. Os vícios estão incluídos no pecado da Gula, sejam o fumo, o álcool, as drogas lícitas ou ilícitas. O desperdício e a embriaguez andam juntos desse pecado. Sua oposição é dada pela Temperança.

E por último, vem a Luxúria, que é a sexualidade levada à inconseqüência, o desejo desordenado, a entrega à carne. A Luxúria é descontrole, e ocupa a mente de quem se entrega a ela das maneiras mais inconvenientes. Se liga a corrupção dos costumes e a todo tipo de pecado sexual. A oposição a ela se dá pela Castidade.

Em 1589, o teólogo alemão Peter Binsfeld designou um demônio e suas hostes para cada pecado capital, de acordo com sua simbologia e representação:

Lúcifer para o Orgulho;

Leviatã para a Inveja;

Belphegor para a Preguiça;

Satã para a Ira;

Mammon para a Avareza;

Belzebu para a Gula;

Asmodeus para a Luxúria.

(por aquilo que vimos no 3.01, eu acredito que os demônios mostrados lá eram Aspectos, demônios das hostes desses 7, poderosos, sim, mas não os grades chefões).

Um comentário:

Anônimo disse...

E Ashtaroth, seria o demônio relacionado a o que?